terça-feira, 30 de novembro de 2010

CIRURGIAS ESPIRITUAIS – Elucidação dos médicos espirituais sobre alguns fluidos utilizados

Os compostos fluídicos se estendem ao infinito. Todavia, trazemos ao vosso conhecimento os mais utilizados e acessíveis à compreensão. Pois, se descrevêssemos os mais variados tipos de compostos fluídicos em suas funções ou finalidade, tornar-se-ia um trabalho cansativo de páginas e páginas, e pecaríamos principalmente nos nomes desses compostos devido à pobreza da linguagem e a inferioridade das faculdades do homem na Terra para compreendê-los.
Os pacientes que recebem dos médicos espirituais os compostos magnéticos, de acordo com as necessidades de cada tratamento, são curados sempre pela aplicação dos fluidos, mais precisamente pelo fluido universal trabalhado.
Os fluidos não possuem cores. São semelhantes a correntes elétricas e apresentam-se aos médiuns videntes como uma espécie de fumaça branca. Estes compostos que vêm do plano espiritual, após sofrerem os preparos necessários no Laboratório Científico Espiritual (laboratório esse que se localiza num dos planos espirituais superiores), entram no corpo do médium magnetizador (os compostos fluídicos entram pela cabeça do médium e vão ao seu coração) e em seguida saem pelos poros do corpo, sendo canalizando em direção da mão e dos dedos do médium, para então chegar ao paciente. Neste ciclo ocorrerá o adicionamento do fluido animal. Sendo esta a ultima parte da composição, um espírito auxiliar concentrará todo o composto fluídico nas mãos do médium magnetizador, que deverá estar com as mãos sobre a cabeça do paciente.
Não existe necessidade dos espíritos se deslocarem até o Laboratório Científico Espiritual para buscar determinados fluidos, basta apenas o pensamento do médico espiritual para que o fluido desejado lhe apareça em sua frente e na medida exata.
As cirurgias mediúnicas podem ser definidas nesse processo: A quantidade de composto fluídico a ser aplicado é diretamente proporcional a quantidade de fluido vital de que é constituída a enfermidade do paciente.
É interessante notar que durante algumas cirurgias, um espírito de efeito físico auxiliará nos trabalhos que, inclusive, podem envolver transfusões de sangue.
Para as cirurgias, preferimos que os pacientes acomodem-se deitado (sempre de frente, não importando onde esteja localizada a enfermidade) para um tempo de no mínimo três minutos, porque dessa forma a cirurgia obterá maior êxito.
Os sete fluidos mais utilizados nas cirurgias espirituais:
FLUIDO UNIVERSAL: é o intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita. Esse fluido universal (também conhecido como primitivo ou elementar) é o agente básico que o espírito utiliza. Estabelece o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e jamais adquiriria as propriedades que a gravidade lhe dá. Ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamamos de fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que é, propriamente falando, uma matéria mais perfeita, mais sutil, e que pode ser considerada como independente.
O fluido universal é uma criação de Deus e é o princípio elementar de todas as coisas. E como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade (chamado de fluido micro cósmico), que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade (chamado de fluido macro cósmico), que é, de certa maneira, consecutivo àquele.
FLUIDO MAGNÉTICO: nas cirurgias mediúnicas é usado para que o paciente, quando magnetizado, não sinta dor no momento cirúrgico. Funciona como uma espécie de anestesia local. Poderá ocorrer que após a retirada do fluido magnético o paciente venha a sentir alguma pequena impressão.
FLUIDO ANTIMAGNÉTICO: utilizado ao final da cirurgia para retirar o fluido magnético.
FLUIDO ÉTER: serve para amortecer o local enfermo e é utilizado, principalmente, quando o paciente chegar à sala de cirurgia apresentando dor no local a ser tratado.
FLUIDO ECTOPLÁSMICO: este fluido será utilizado para retratar (fotografar) a enfermidade. É semelhante a uma chapa radiográfica, onde os médicos espirituais conhecerão as proporções da enfermidade, para só depois removê-la. Caso os médiuns presentes não tenham ectoplasma em dose suficiente para doar, os espíritos que trabalham na cirurgia solicitarão ao Laboratório Científico Espiritual, que prontamente enviará, através do fluido universal, a composição necessária para a ectoplasmia (esse pedido poderá ocorrer com qualquer outro fluido que vier a ser necessário; de tal modo que nunca faltarão fluidos).
O médium iniciante nas salas cirúrgicas, apto a doar fluido ectoplásmico, poderá sentir um pouco de fadiga em suas primeiras atividades, sendo que os próprios espíritos lhe retirarão aos poucos o fluido ectoplásmico, para haver o treinamento do médium. Ocorre em alguns casos que nem todos os médiuns possuem esse fluido para doar.
FLUIDO VITAL: fluido especial, universalmente espalhado e do qual cada ser absorve e assimila uma parte durante a vida orgânica. Serve para dar vitalidade ao órgão ou região que apresenta deficiência de vitalidade.
FLUIDO CURADOR: semelhante aos remédios da Terra, porém mais perfeito e na medida certa. Utilizado para promover a cura material no corpo de carne.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Luz Divina – Cidade Espiritual localizada sobre Minas Gerais – Parte III

Ao nos deslocarmos em direção ao centro, passei a observar todas aquelas entidades concentradas em suas telas. Algumas colocavam a mão sobre a mesma, como se estivessem desenvolvendo um passe magnético. Nisso Míriam continuou sua explicação.
-Repare que conforme nossos irmãos oram pelos irmãos que estão sob seus cuidados, filamentos de luz doura precipitam do alto sobre suas telas. São as bênçãos do Pai que chegam para energizar nossos irmãos que estão despertando para a espiritualidade.
Conforme fomos nos aproximando do centro do templo, onde todos os templos se encontram, percebi que o globo terrestre ali localizado era muito maior do que pensava. As luzes que desciam do céu também eram bem mais largas. O globo tinha um diâmetro de uns vinte metros. E promovia a mesma rotação em eixo inclinado que conhecemos. Ele flutuava a uns dez metros do chão, sendo que no chão havia um abaloado para cima, todo branco, do mesmo diâmetro da luz branca que descia do céu; creio que o diâmetro era de uns trinta metros.
Distante desse abaloado branco, a uns vinte metros, existiam um abaloado semelhante, mas em diâmetro menor, de uns oito metros, e com a cor correspondente ao amarelo, azul, violeta, verde e rosa.
Míriam continuou falando.
-Aqui nós estamos no encontro dos cinco templos da cidade Luz Divina. O encontro deles se dá numa estrela de cinco pontas. O centro é dedicado às reuniões com os irmãos do Alto e também para orações conjuntas com a espiritualidade maior.
Vi que, de fato, o desenho no chão era uma tira dourada formando uma estrela, que era cortada por outra tira prateada que formavam a repartição entre os templos. Era como se ali estivesse desenhado uma estrela dourada de cinco pontas, onde cada uma das pontas tinha em sua base o início do tracejado em prata da divisão do templo, formando o ápice de um triângulo. As linhas douradas da ponta da estrela, com as linhas prateadas de cada templo, formavam um losango, tendo ao centro o abaloado com a cor da luz que descia do céu.
Na área interna da estrela, o pentágono tinha suas linhas reproduzidas em uma sequência de linhas prateadas, sobre o piso branco, até chegar ao abaloado central.
Já no teto, o mesmo desenho da estrela estava reproduzido. Sendo que a luz descia pelas aberturas circulares sobre cada um dos abaloados. Notei que a união das pontas dos tetos dos templos não se dava por um círculo, e sim por uma estrutura em formato de pentagrama, igual ao desenho do chão.
Míriam disse que quaisquer dos irmãos que ali trabalham, não estão circunscritos a um único templo, de forma que, de acordo com as necessidades, eles podem se deslocar para outros, sempre buscando os fluidos necessários para atender aos irmãos que são observados.
Quando paramos na frente do facho de luz amarela, do Templo das Luzes, Míriam agradeceu e desejou luz e paz, e solicitou que o irmão Valdo continuasse a explicar.
Nesse momento, Valdo solicitou para irmos até a frente da luz rosa, que ficava na nossa direita.
-Nosso querido irmão Charles, aqui no Templo da Cristianização e Evangelização, nossos irmãos trabalhadores se dedicam a observar e auxiliar as casas de oração localizadas nas cidades espirituais e na Terra. Também, quando grupos de irmãos se reúnem para orar e estudar o evangelho ou sobre Deus, ali também estão nossas atenções para dar assistência. De forma que as Igrejas, Casas Espíritas, Santuários, Terreiros, Templos e onde um ou mais irmãos se reunirem para orar, nossos irmãos daqui também estarão em sintonia com eles. Não raras vezes, conseguimos auxiliar aos irmãos encarnados a encontrar conforto espiritual em Igrejas, Casas Espíritas ou Templos, intuindo irmãos painelistas a discorrerem sobre ensinamentos evangélicos necessários ao coração de outros irmãos.
Depois que Valdo explicou sobre a luz rosa como indutora do amor, ele pediu para o Márcio continuar explanando, visto que ao lado da luz rosa tinha a luz azul, para onde nos dirigimos.
-Irmão Charles, aqui no Templo das Comunicações, nossos irmãos têm a tarefa de buscar informações sobre trabalhos espirituais ou trabalhos de irmãos encarnados em planetas mais adiantados que a Terra, estabelecendo uma rede de atividades que venham a contribuir para a evolução dos irmãos encarnados na Terra. Muitas naves que são vistas isoladamente na Terra, os classificados Objetos Voadores Não Identificados, correspondem aos irmãos contatados por nossas atividades para auxiliar no despertar da consciência dos encarnados. Muitas dessas naves são originárias de planetas com irmãos encarnados com a mesma densidade de matéria que a Terra. Outras provêm de Planetas com densidade material diferente da Terra. Também há as originárias dos planos espirituais, que se materializam no ambiente terreno. Todos estes irmãos e irmãs que você observa nesse templo, estão conectados com entidades, frotas espaciais, operadores de resgate, entre outros, que realizam tarefas junto aos irmãos encarnados. São milhares de irmãos de outros planetas que exercem atividades na Terra, mas por orientação do Alto, todos eles se mantêm no anonimato. A orientação do Pai é para apenas fazer demonstrações de presença em momentos isolados. Essas aparições de destinam em despertar gradualmente a curiosidade e a razão humana para outras possibilidades de manifestação da inteligência.
Em seguida o Márcio solicitou que a Elisa nos encaminhasse para frente da luz verde. Ela agradeceu a Deus pelo momento, pela oportunidade e passou a explicar sobre o Templo das Flores.
-As atividades no Templo das Flores estão consubstanciadas na magnetização e fortalecimento fluídico dos irmãos que adentram nas regiões densas da espiritualidade. Diversos irmãos e irmãs estão diuturnamente trabalhando no resgate e acompanhamento de irmãos no Umbral. Esses trabalhadores e trabalhadoras que se dedicam em auxiliar os necessitados nas regiões das sombras, não ficam desamparados. Suas atividades são acompanhadas e lhes enviamos todos os fluidos necessários para sua obra de fraternidade e amor.
Elisa terminou sua explanação e pediu para Eliseu nos conduzir para frente da luz violeta. Eliseu agradeceu a oportunidade concedida por Deus, agradeceu a cada um dos irmãos e irmãs que já haviam falado, agradeceu ao Anastácio e ao Bartolomeu. Dirigindo a palavra para mim, também agradeceu minha presença e passou a explicar sobre o Templo da Fraternidade Cósmica.
-Irmão Charles, como você viste, cada um dos Templos tem uma luz de suporte. No Templo da Fraternidade Cósmica a luz de suporte é a violeta. Aqui os trabalhos se destinam a fazer chegar aos irmãos espirituais que exercem atividades de cura, cirurgia e magnetização, os fluidos de que necessitam. Cada um desses irmãos aqui no templo, ao serem tocados pelo pensamento dos espíritos curadores sobre os fluidos de que necessitam, imediatamente materializa na frente daquele trabalhador o fluido na quantidade exata necessária para a cirurgia ou magnetização. Em outras palavras, pode-se dizer que nossa atividade é entregar o medicamento necessário, solicitado pelos médicos espirituais.
Nesse instante Bartolomeu agradeceu a cada uma das entidades que explicaram sobre as atividades nos templos e disse que devíamos partir, visto que estava chegando o momento de eu retornar ao corpo. As seis entidades se posicionaram sorridentes na nossa frente e estenderam as mãos em nossa direção. Pareciam estar fazendo um passe magnético. Senti uma leveza muito agradável. Nesse momento Bartolomeu solicitou para Anastácio iniciar a materialização da nave.
De repente a estrutura da nave voltou a ter o aspecto de densidade. Nesse exato momento a cidade Luz Divina desapareceu da minha visão, mesmo nós estando parados. Por um momento visualizei outras cidades espirituais abaixo e ao longe, mas logo sumiram, ficando apenas a visão da Terra, bem abaixo de nós. O Sol já iluminava a costa do Brasil. Bartolomeu disse que já era tempo de eu retornar ao corpo. Ele pegou em minha mão e imediatamente eu acordei em minha casa. O relógio marcava 5h e 55min.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Luz Divina – Cidade Espiritual localizada sobre Minas Gerais – Parte II

Começamos a andar com certa velocidade. As entidades iam à nossa frente e ao lado, flutuando a uns vinte centímetros do chão.
Notei que não existiam casas como conhecemos. Elas eram, em sua maioria, dispostas em gramados, sempre rodeadas de jardins, com colunas cobertas por trepadeiras floridas, sendo que algumas tinham telhados como se fossem de mármore, estilo as fachadas romanas. Em outras o telhado era semelhante ao das casas japonesas. E em algumas não havia nenhum telhado.
Também não havia paredes. Algumas tinham como telas até um metro de altura, coberta por flores.
Ao reparar as casas, que eram como jardins de inverno, perguntei ao Bartolomeu sobre aquelas habitações e sobre os grupos de espíritos que estavam reunidos em seus interiores.
-Charles, aqui neste plano espiritual os espíritos têm o conhecimento da materialização. Cada grupo de irmãos que aqui habitam, materializam o ambiente que consideram oportuno. É comum encontrar aqui esses jardins. Os irmãos ali se reúnem para orar e trabalhar pelos irmãos em outros planos ou mesmo pelos encarnados. Eles também se reúnem para realizar estudos, pois também estão em processo de evolução e conhecer sobre os mistérios de Deus ainda é uma necessidade.
Enquanto nós andávamos em direção aos templos, da mesma forma que eu reparava nas casas e nas entidades, também muitas delas estavam olhando a nossa passagem. Todas tinham um sorriso de tranquilidade.
Bartolomeu pediu para eu olhar, à frente, para o alto.
-Charles, olhe ali na frente, para o alto.
Vi gigantescas colunas de mármore. Parecia uma construção pesada. Colunas pesadas davam suporte para uma plataforma, uma cobertura, de mármore em acabamento arredondado. A estrutura toda era circular. E do alto dela saia cinco raios de luz, que cercavam uma luz branca, com diâmetro bem maior que essas cinco. As cinco luzes em diâmetro menor eram nas cores: azul, violeta, amarela, verde e rosa.
Chegamos numa área onde não havia mais casas, apenas um enorme gramado recortado pela avenida onde andávamos, tendo suas laterais toda florida em sua extensão. No meu lado direito e no esquerdo, vi ao longe, também uma avenida em cada lado. Semelhante a avenida em que estávamos, elas também cortavam aquele gramado em direção à enorme construção. Nessas três avenidas, muitas entidades flutuavam indo ou vindo.
Eurípides explicou a situação.
-Irmão Bartolomeu, permita-me explicar ao nosso irmão Charles. Estamos chegando à região dos Templos da Luz Divina. São cinco templos, um ao lado do outro, formando um círculo. Os templos se integram no centro. É a área de comunhão com Deus. Aqui estão os nossos preciosos afazeres na cidade Luz Divina. Nele trabalhamos diuturnamente pelos nossos irmãos e onde também recebemos orientações do plano superior. Daqui saem às missões de auxílio, resgates, orientações, curas, socorros, cirurgias e amparos. E tudo mais que for necessário para atender as atividades do Alto aos nossos irmãos menores.
Enquanto Eurípides falava, nós chegamos numa área bem na frente dos templos, onde o chão era todo branco, como feito de mármore, que circundava toda a construção. Acho que tinha uns duzentos metros todo aquele calçamento que ia estabelecendo uma elevação, como se fosse toda ela uma rampa de acesso aos templos. A entrada ficava um metro acima do nível da avenida e do gramado. A construção toda parecia feita de uma única pedra, pois não se via nenhuma emenda ou encaixe.
O movimento de entidades era muito intenso. Tanto entrando como saindo do templo, sempre flutuando, como também de duplas ou grupos maiores que conversavam ali do lado de fora.
Diante da grandiosidade daquela construção, com colunas de uns vinte metros de diâmetro e que atingiam uma altura de uns trezentos metros, perguntei para Bartolomeu sobre quanto tempo existia aquela cidade.
-Esta cidade existe a pouco mais de mil anos. Foi construída com o propósito de preparar o caminho espiritual do evangelho e para auxiliar as novas cidades espirituais que seriam erigidas para socorro e auxílio aos irmãos que povoariam o continente. Estes templos foram materializados pelos irmãos da região crística. Foi à primeira obra nessa região espiritual, sobre o continente.
Paramos na entrada do templo. Percebi que na área interna não existiam colunas. As únicas colunas que sustentavam toda a estrutura eram as externas, e cada coluna estava algo em torno de duzentos metros longe uma da outra.
O teto era como se estivesse cortado em pizza, estabelecendo a divisão dos templos. Existia um vão entre cada uma das partes do teto, onde era possível ver o céu. Também existia uma luminescência em cada forro, conforme cada área triangular. As luzes pareciam formar uma nuvem de purpurina. E quase na extremidade central, ou seja, quase na ponta do triângulo que dá forma ao forro do templo, havia um orifício por onde passava um facho de luz com a mesma cor da luz do forro. No centro do teto havia uma ligação de um circulo prateado, que integrava todas as cinco pontas do forro, estabelecendo um anel que unia cada uma das pontas dos templos. Por esse orifício central, bem maior que os outros cinco, passava um enorme facho de luz branca.
Cada templo tinha uma luminosidade característica da sua própria luz, sem interferir na luminosidade de outro templo. Também havia uma música bem suave no ambiente, que parecia ser de originária de alguém tocando piano.
Da entrada até o centro da construção, onde os templos parecem se encontrar, estimo que haja uma distância de quatrocentos metros. Sendo que o facho de luz branca, que desce pelo centro, transpassava a imagem do globo terrestre, que flutuava a alguns metros do chão.
Havia milhares de entidades dentro da construção. Elas estavam ocupando todo o ambiente, desde o chão e pelo ar, em todas as alturas. Pude ver que boa parte delas conduzia à sua frente um vidro retangular, de uns quarenta centímetros por trinta centímetros. Aquele vidro também flutuava na frente de cada entidade.
Eurípides passou a explicar sobre o ambiente.
-Querido irmão Charles, aqui estão os nossos abnegados trabalhos de amor aos irmãos dos planos maios densos. Cada um desses irmãos trabalhadores está observando irmãos necessitados, ou em auxílio, sendo resgatados ou em outras atividades que requerem o suporte do Alto. Na medida da necessidade, eles materializam ou magnetizam os irmãos que são observados, com os fluidos adequados. Também encaminham os fluidos necessários para nossos irmãos espirituais que trabalham em passes e cirurgias. A partir de agora, deixo as explicações para nossos irmãos e irmãos, responsáveis pelos templos. Irmã Míriam, por favor, assuma as explicações.
-Irmão Eurípides, muito obrigada pela oportunidade. Meu irmão Charles, sinto as graças do nosso Pai por esta oportunidade. É a primeira vez que posso falar sobre o Templo das Luzes para um encarnado. Mais gratificante ainda fico, por também estar presenciando este momento. Aqui no Templo das Luzes, são executadas as atividades de acompanhamento dos irmãos em seu estágio evolutivo. Mais precisamente, nossos trabalhos se destinam a observar e atender, de acordo com as necessidades solicitadas, os irmãos que estão despertando sua espiritualidade. Todos os irmãos, estejam eles encarnados ou não, desde que habitem as regiões abaixo, são acompanhados por cada um destes irmãos que você observa nesse santuário. Daqui são destinados fluidos de elevação espiritual para o irmão em estágio de despertar e também para seus mentores e orientadores espirituais. Vamos ao centro do templo. Lá poderemos nos deslocar com mais facilidade aos demais.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Luz Divina – Cidade Espiritual localizada sobre Minas Gerais – Parte I

Nessa altitude, que não sei precisar, a nave parou por um momento.
-Charles, chegamos numa região mais evoluída do plano espiritual. A região crística fica duas mais acima desta. Mas para lá ainda não temos tecnologia para chegar. Repare que nessa altitude onde nos encontramos, temos condições de vislumbrar todas as cidades até a crosta da Terra.
De fato, a visão era impressionante. Todas aquelas cidades espirituais pareciam ter se descolado da crosta e estavam flutuando na atmosfera. Bartolomeu explicou que nessa zona, mais elevada e sutil, os espíritos têm liberdade para visitar as regiões espirituais à baixo. Informou que a cidade Luz Divina está localizada sobre Minas Gerais.
A nave começou, então, a andar na horizontal. Ao longe e abaixo, visualizava outras cidades espirituais. E logo vi, na nossa frente, ainda à distância, a cidade Luz Divina. Tudo ali parecia vaporoso. O chão que surgiu logo abaixo da nave, como se chegássemos num tapete verde, parecia um vidro. O brilho do ambiente se assemelhava ao amanhecer. Logo surgiu um verde muito vivo, como se fosse o gramado de um campo de futebol. Uma avenida cortava esse campo em direção à cidade. Em cada lado dessa avenida, canteiros de flores brilhavam com um colorido metálico. Misturado com tons de amarelo, amarelo ouro, azul, violeta, verde, rosa e até prata, entre outras cores.
Ao nos aproximarmos, reparei que a cidade não tinha muros e as casas, cobertas de flores, começavam logo após um conjunto enorme de jardins com flores que pareciam violetas. O jardim cercava a cidade como um tapete de flores. Na entrada da cidade, pela avenida onde andávamos, existe um gigantesco pórtico, de material branco e prata, em forma de arco. Na medida em que nos aproximávamos da entrada, reparei que junto ao pórtico estava um grupo de seis espíritos reunidos. Todos em formato vaporoso, com vestes brancas.
A sensação do local é de uma paz impressionante. Sentia-me leve e tranquilo. Por um momento senti vontade de descer para ficar ali. Bartolomeu disse que nossa oportunidade era só a de conversarmos com os irmãos que estavam nos aguardando na entrada da cidade.
A nave estacionou um pouco a frente do pórtico, dentro da cidade, uns vinte metros, onde esse grupo de espíritos estava nos aguardando.
Perto do pórtico, reparei que sua base era extremamente grande; creio que em torno de uns quarenta metros de diâmetro, coberto de trepadeiras em flores violetas até uma altura de uns dez metros. Ali de baixo a impressão era de que o pórtico subia até tocar o céu.
Quando paramos, o grupo de seis espíritos se aproximou da nave. Todos tinham um sorriso que tranquilizava. Bartolomeu disse-me que não iríamos descer da nave e que conversaríamos dali mesmo, pois caso contrário, sem as condições produzidas pela nave, não veríamos os irmãos e nem a cidade. Foi quando um deles começou a falar com nós. Desejou-nos muita paz, luz e amor:
-Meus queridos irmãos! Irmão Bartolomeu. Irmão Anastácio. Irmão Charles. Todos são bem vindos à cidade Luz Divina. Que Deus derrame muita paz, luz e amor nos vossos corações. Há muito tempo aguardamos por esse momento. O sublime momento quando um irmão encarnado possa ver e escrever sobre essas dimensões da espiritualidade que fazem parte do planeta Terra. Sou o irmão Eurípides e no momento estou encarregado das atividades de apresentação da cidade, juntamente com nossos outros irmãos e irmãs.
Nisso o Eurípides passou a apresentar cada uma das entidades que estavam ali. Conforme ele ia apresentando, a entidade se movimentava com um passo para frente e nos cumprimentava.
-O irmão Valdo, responsável pelas atividades de cristianização e evangelização, mostrará o templo de atividades destinadas à ascensão espiritual. Nosso irmão Márcio, que cuida das comunicações, mostrará o como nossas atividades espirituais estão interligadas com outras regiões espirituais e com outros planetas. A irmã Elisa, cuidadora do Templo das Flores, onde os irmãos se energizam para as atividades de socorro aos irmãos nos planos das sombras. A irmã Míriam, mostrará o Templo das Luzes, local de encontro com irmãos da espiritualidade superior. E o irmão Eliseu, responsável pelo Templo da Fraternidade Cósmica, onde fluidos, destinados às curas espirituais, são preparados e enviados para os trabalhos magnéticos de curas e de passes aos irmãos necessitados.
Bartolomeu dirigiu-se às entidades, agradecendo a atenção.
-Irmão Eurípides, irmão Valdo, irmão Márcio, irmã Elisa, irmã Míriam, irmão Eliseu. Que Deus ilumine vossos corações com as bênçãos de amor, afetuosidade, carinho e paz. É muito gratificante este momento em que recebi a permissão para conduzir nosso irmão Charles, com o propósito de conhecer este plano de louvor ao Altíssimo. Que a graça do Senhor nos acompanhe.
Apesar de estarmos dentro da nave, minha impressão era de que não havia nenhum equipamento que nos separava do ambiente externo. A conversa acontecia normalmente, sem notar nenhuma situação física que prejudicasse de alguma maneira o diálogo. Também aproveitei a situação e agradeci a oportunidade.
-Irmão Eurípides, agradeço pela oportunidade de conhecer esta cidade. Para mim é uma surpresa gratificante estar vislumbrando este plano espiritual. Confesso que na presença de vocês eu estou me sentindo muito bem; com muita paz no coração.
Eurípides sorriu e destacou a importância do momento.
-Querido irmão Charles. As atividades desenvolvidas na cidade Luz Divina também são realizadas por outras que se encontram no mesmo plano espiritual. Aqui temos uma enorme relação de irmandade e trabalhamos permanentemente pelos nossos irmãos menores. Dentro dos mandamentos divinos, nos cabe a missão de amar sem pedir nada em troca. E ficamos muito felizes quando nossos irmãos encarnados conseguem retribuir da mesma forma ao realizar as atividades de auxílio e orientação aos necessitados. Cada pequeno gesto nesse sentido corresponde a uma preciosa oração que irmana os planos em desenvolvimento. Estamos sempre acompanhando nossos irmãos, estejam eles onde estiverem. Nossa dedicação e comprometimento com o bem é eterna e nossa dedicação e auxilio para quem trabalha pelo bem é permanente. Agora nós vamos até a área dos templos, onde você conhecerá sobre algumas de nossas atividades.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Comunidade no Umbral – O Resgate – Parte III

No interior da laje, onde Rita e as crianças estavam, a escuridão se fazia acentuar por causa da cobertura construída sobre as três paredes. A sensação era de estar diante de uma gruta. Uma mulher que já estava ali, aproximou-se de mim, com os livros que Rita trouxera, e ficou por um tempo olhando-me. Depois retornou para junto de Rita e das crianças. Não existia nenhum móvel ali dentro. E as crianças, de pé, disputavam a atenção de Rita. Tive a impressão de que eles se sentiam órfãos e abandonados, sendo que Rita representava a figura de mãe, muito mais que de professora.
Entre as muitas falas e empurrões que as crianças proporcionavam ao disputar a atenção de Rita, que juntamente com a outra mulher, sempre acalmavam a situação, estavam histórias do que elas fizeram ali na comunidade ou das saídas para a superfície junto com determinados “Exús”.
Depois de um tempo o ambiente começou a ficar mais calmo. Foi quando Rita passou a ter diálogos mais direcionados com as crianças. Sempre sorridente, Rita dirigiu o diálogo para uma criança que aparentava uns treze anos.
-E você Ramed? O que tem feito?
A criança tinha uma maneira diferente das demais. Suas vestes, apesar de esfarrapadas, destacavam que ela era do Oriente Médio.
-Profe. Rita. Queria ir pra casa. Já cumpri muitas ordens aqui e não mereço mais ficar preso.
Enquanto Ramed expunha sua vivência para Rita, Bartolomeu comentou sobre ela.
-Charles, essa criança que fala foi treinada para a guerra, numa região do Oriente Médio. Ela acredita que não desencarnou, mas que está presa num acampamento da Cruz Vermelha, administrado por uma nação ocidental. Ela teve seu desencarne num violento combate, onde viu colegas tombarem pelo fogo inimigo. Quando o trágico lhe ocorreu, não notou seu corpo no chão. Correndo em retirada da área de combate, equipes de resgate se posicionaram em seu caminho para oferecer-lhe água e tratar suas feridas. Depois a trouxeram para cá. Essa equipe lhe explicou que, como estava sob cuidados médicos, ela não poderia retornar mais para o combate. Depois de muito trabalho de orientação, Ramed diminuiu muito o ódio e o desejo de vingança. Repare que entre os irmãozinhos presentes, é a que está em melhor estado.
De fato, Ramed tinha o rosto, as mãos e o cabelo, mais limpo quando comparado com as demais crianças.
Quando Ramed terminou de falar, Rita, com um largo suspiro de quem não mais vai ver uma pessoa querida, o encheu de esperança.
-Meu pequeno Ramed, hoje, antes de vir para cá, estive conversando com o nosso dirigente e ele me contou que amanhã, bem sedo, uma pessoa muito sua querida vem lhe buscar. Você está recebendo alta e irá morar numa casa. Aproveita hoje para se despedir dos amigos que fez aqui.
Ramed não conteve a alegria e logo se achegou em Rita, abraçando-a pela cintura e chorando convulsivamente.
Rita, abraçando-o, sorria com muita alegria. Acariciava a cabeça e enxugava as lágrimas daquela criança com suas mãos, de forma a acalmá-la como se fosse a mãe dele.
-Ramed! Ramed! Mas esse é um momento de muita alegria. Não é para chorar. Amanhã eu não estarei aqui quando vierem lhe buscar. Fica tranquilo que para a casa que você vai, eu também dou aula para as crianças. Nós vamos continuar nos vendo, tá?!
Ramed não conseguia falar. Enquanto isso, algumas crianças que tentaram zombar da situação foram acalmadas pela outra mulher.
Diante da cena que misturou comoção por parte de Ramed e uma breve zombaria pela parte de algumas crianças, curiosidades me surgiram.
-Bartolomeu, o que está acontecendo com Ramed? E outra: por que a Rita não está acompanhada de seu mentor?
-Charles, a irmã Rita está sim acompanhada por seu mentor. Assim como eu, ele está com a mão sobre a cabeça da irmã Rita, magnetizando seu perispírito para não sofrer os efeitos deletérios desse ambiente trevoso. Lembre o que disse da condição de invisibilidade assumida por mim. Pois bem, o mentor de Rita aguardava-nos junto ao portão, na entrada da comunidade. Ele está nesse momento bem próximo da irmã Rita, para auxiliar na orientação e no encaminhamento desses irmãozinhos. Nossa condição de invisibilidade decorre da necessidade de não constranger nossos irmãos imantados ao Umbral, pois muitos não têm o discernimento da condição em que se encontram e veriam nós com escárnio e mesmo como assombração. Isso afetaria o emocional e o psicológico desses irmãos. Já o Ramed está recebendo as graças da providência Divina. Depois de quase trinta anos coabitando esse ambiente, ele já se desfez do ódio e do princípio de vingança que o imantavam a essas zonas trevosas. Nos últimos meses, Ramed pensou muito na sua mãe e rezou muito para que Deus permitisse um reencontro com ela. Ele crê que amanhã sua mãe virá buscá-lo e levá-lo para casa. Na verdade, quem virá amanhã é o enfermeiro que lhe resgatou e com quem Ramed fez grande amizade. Ele será conduzido até um hospital do plano superior, onde receberá o tratamento necessário para o seu restabelecimento. Depois irá para uma escola onde aprenderá sobre a cultura do povo brasileiro. E tudo transcorrendo dentro do previsto, Ramed estará reencarnando no seio de uma família, da região sul de Porto Alegre, em três anos aproximadamente. Veja Charles como a providência Divina opera. Ramed, quando encarnado, foi instruído no manejo de armas, da guerra e do ódio a determinado povo e etnia. Apesar dessa instrução equivocada e doentia, Ramed sonhava em ser um jogador de futebol. Daqui a pouco, essa criança estará sendo recebida nos braços de uma família que lhe propiciará o esporte que tanto desejou em outro continente, família que lhe ensinará a respeitar e conviver com as diferenças, sejam elas quais forem.
Nesse momento a irmã Rita começou a se despedir das crianças. Logo elas se dispersaram, descendo a escada e desaparecendo entre os casebres. Ficou por último o Ramed, que continuava abraçado na cintura de Rita. Sem mais outra criança naquele ambiente, Rita se ajoelhou para ficar na altura de Ramed. Segurando com ternura o rosto daquela criança, Rita deu um beijo em sua testa e a acalmou mais uma vez.
-Meu querido Ramed, que Deus te acompanhe hoje, amanhã e sempre. Na próxima semana eu vou te visitar na sua nova escola. Agora vai e aproveita essas últimas horas que tens aqui para brincar e se despedir de seus amigos.
Ramed abraçou fortemente Rita e disse que aguardaria sua visita. Depois saiu correndo exaltando uma alegria que contrastava com a tristeza do ambiente.
Rita se despediu daquela mulher que garantiu em distribuir para as crianças os livros trazidos. Então me chamou para irmos embora. Enquanto descia a viela, e antes de chegarmos ao valo, ela comentou sobre seu trabalho.
-Sabe Charles, esse trabalho é gratificante, mas cansativo. O desgaste emocional é muito forte e esses irmãos parecem sugar minhas energias. Apesar de sairmos mais leve pelo trabalho desenvolvido, a impressão é de que estamos sempre vestindo roupas sujas que grudam na pele. Por isso, eu e as outras irmãs encarnadas que nos revezamos nessa atividade, optamos pelo esquecimento dessa realidade, de forma que nossos mentores intercedem em nossos pensamentos para, quando retornarmos ao corpo, quando acordar, não tenha lembrança nenhuma do ocorrido aqui.
Quando estávamos subindo em direção ao portão, no exato momento que o vigia o abriu, eu imediatamente retornei para o corpo. O relógio marcava 5h e 48min. Levantei da cama com uma sensação de desconforto e relembrando aqueles momentos no Umbral.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Referência na Terra para a Cidade Espiritual “Nosso Lar” – A Cidade Iluminada – Parte III

Anastácio desligou a luz de localização e elevou a nave para cima da muralha. Acho que estávamos sobrevoando a uma altura algo em torno de duzentos metros.
O muro, que cerca a cidade, estabelece uma enorme circunferência. Sobre ele há vegetação e um corredor. Enquanto a nave ia lentamente desenvolvendo uma trajetória diagonal, observei que as avenidas iniciavam junto ao muro e continuavam paralelas em direção ao horizonte, certamente em direção ao centro da cidade. Essas avenidas retas, do muro ao centro, eram cruzadas por outras avenidas formando o que conhecemos como anéis viários, e estabeleciam círculos concêntricos. As avenidas retas parecem formar pontas de uma gigantesca estrela desenhada no solo da cidade. Aos meus olhos, aquelas avenidas pareciam formar desenhos longitudinais de raios do sol. Como se o mapa da cidade fosse os traços de um sol, como aqueles desenhado pelas crianças; como se representassem duas rosas-dos-ventos, uma sobreposta à outra, cortadas por outras ruas que formavam os círculos.
A luminosidade da cidade era muito semelhante aquelas noites natalinas, quando ruas e casas são enfeitadas com luzes coloridas. As flores, perfazendo os canteiros em extensas avenidas, pareciam refletir as luzes como vaga-lumes. As árvores também tinham uma beleza peculiar. E, apesar de ser noite, havia muitas pessoas pelas calçadas e jardins.
Enquanto reparava um conjunto de prédios bem iluminados, abaixo de nós, Bartolomeu passou a tecer algumas explicações.
-Charles, repare a grandiosidade dessa cidade, que ficou conhecida na Terra como Nosso Lar. Veja a comunhão de amor que ela consolidou. A cidade surgiu em 1530, quando irmãos europeus chegaram aqui. Antes essa região era uma aldeia dos irmãos que na Terra formaram a tribo dos Tamoios. Os irmãos europeus e os irmãos Tamoios iniciaram juntos os primeiros fundamentos da nova cidade que se dedicaria aos trabalhos de resgate dos irmãos que em solo brasileiro desencarnariam como resultado dos conflitos entre europeus e ameríndios. Lembre que a chegada do europeu, com seu interesse em explorar as riquezas da mata, nunca foi de todo pacífica. Desde 1501 a madeira era levada para a Europa. Mas é a partir da década de 30 que os conflitos pela posse da terra ganharam o aprofundamento da violência desmedida. Almas caridosas iniciaram um trabalho de intensa oração aos irmãos desencarnados que necessitavam de amparo e socorro. A comunhão entre os abnegados irmãos fez europeus e ameríndios trabalharem arduamente nas regiões do Umbral pela pacificação dos corações empedernidos nos conflitos que vieram a dizimar as nações dos ameríndios em solo brasileiro. Apesar da pouca compreensão dos ameríndios encarnados, alguns pajés já vislumbravam a chegada de europeus que auxiliariam na preservação das tribos. As orações, desta cidade ainda em processo de construção, ecoaram na Terra e atingiram alguns segmentos religiosos da Igreja Católica, dando nascimento a Ordem dos Jesuítas em 1534. Em 1549 esses soldados de cristo chegam ao Brasil para iniciar suas atividades. Apesar de algumas insanidades, os jesuítas consolidaram grandes povoados com os ameríndios, indicando-lhes a integração numa dimensão cultura que para eles ainda era desconhecida. Logo chegaram os povos africanos para o difícil resgate cármico pelo caminho da escravidão. Esses irmãos oriundos da África também receberam atenção especial dessa cidade. Durante essa faze de dor e sofrimento, muita oração foi realizada pelos irmãos de Nosso Lar, para que os irmãos encarnados suportassem o penoso martírio da escravidão.
No suave deslizar da nave, perguntei se o centro da cidade era longe e se poderia conhecê-la. Bartolomeu ponderou com Anastácio:
-Irmão Anastácio, deixe a região hospitalar e vamos ao centro. Vamos mostrar ao nosso irmão Charles a união desta cidade com Deus.
De imediato a nave se deslocou em altíssima velocidade. Não seu o quanto que ficou para trás. Entretanto, quando a nave parou, vi à frente uma grandiosa arquitetura que parecia um misto de prédio e de catedral, muito iluminado em toda a sua volta. De sua parte superior saiam fachos de luz em direção ao alto.
Bartolomeu agradeceu ao Anastácio e passou a me explicar.
-Estamos no centro da cidade. Aqui temos o prédio de onde partem todas as deliberações com relação à cidade, aos seus moradores e aos trabalhos de reencarne e de resgate. Essa luz de seu topo corresponde às bênçãos derramadas pelo Altíssimo.
A minha visão de sol como uma referência para entender o plano físico da cidade ficou mais destacada. Aquela praça central dava a noção de ser como o circulo solar e as avenidas os seus raios. O prédio central, semelhante a uma catedral, parecia estabelecer um eixo luminoso com o Céu.
Um pouco mais abaixo de onde estávamos parados, pude ver outra nave, toda metálica, com o tamanho aproximado de um ônibus sanfonado. Ela se suspendeu no ar e tomar uma direção contrária a utilizada pela nossa chegada. Duas pessoas, lá embaixo, bem na frente de uma entrada desse prédio, nos viram e estenderam o braço como se estivessem nos cumprimentando. Retribuí o aceno, enquanto Bartolomeu comentou sobre o fato.
-Aqueles irmãos sabem da nossa presença, o que viemos fazer aqui e quem somos. São orientadores do mais alto padrão vibracional e estão ali para presenciar sua visita. Foram eles que autorizaram sua chegada.
Perguntem sobre quem seriam eles.
-Não é prudente lhe indicar nomes ou referências mais apuradas sobre aqueles irmãos. Com o tempo as oportunidades poderão acontecer e você terá condições para compreender melhor a situação e sua relevância. Por enquanto, sabemos que teus sentidos, Charles, estão mais direcionados para a curiosidade. E essa situação não contribuiria para os trabalhos de nossos irmãos. Mas conforme seu desprendimento for acontecendo e sua dedicação em escrever sobre suas vivências espirituais forem ganhando forma, estes e muitos outros irmãos da espiritualidade maior que já lhe observam de outras cidades, organizarão encontros onde poderás conhecer nossos irmãos maiores e receber informações preciosas para o esclarecimento de nossos irmãos encarnados.
Diante da movimentação de outras entidades ao longo da enorme praça que circundava aquela catedral, perguntei para Bartolomeu se a cidade não descansava à noite. Ele disse que sim, mas não como na Terra.
-A espiritualidade tem diferenças acentuadas com relação à zona densa da matéria corporificada, onde se processam as atividades dos encarnados. O cansaço físico, resultado da jornada de trabalho na Terra, exige um repouso mínimo para serem repostas as energias e restabelecida a condição física. Na espiritualidade o repouso não necessita de tanto tempo. Mas os irmãos aproveitam essas horas para desenvolverem seus estudos e aprimoramentos. Na espiritualidade também se estuda muito e se busca a evolução.
-Bartolomeu, é possível descer para conhecer a praça e este prédio?
-Charles, no momento tem outro compromisso nos aguardando e necessitamos seguir. Para sua melhor compreensão do plano espiritual, recebemos permissão para conhecermos o plano espiritual em zona imediatamente superior ao da cidade Nosso Lar. Esta nave tem a tecnologia necessária para nos transportar em diversas zonas espirituais. Logicamente que ela também tem suas limitações, como é o caso de adentrarmos nas regiões espirituais mais elevadas, cuja nossa tecnologia ainda não atingiu tal condição. De qualquer sorte, os potenciais espirituais a que estamos sendo levados pela permissão de Deus, que você verá e escreverá, correspondem aos próprios conhecimentos a que os encarnados estão condicionados a receber. Os teus relatos sobre estas e outras cidades, apontarão a magnitude dos mundos que se interpenetram e estimularão pensamentos e estudos que se dedicarão em conhecer esses universos que se encontram em linhas de tempo, frequência e densidade material diferente.
Imediatamente Bartolomeu solicitou para Anastácio se estávamos no tempo para subirmos até a cidade Luz Divina. Diante da afirmativa, Bartolomeu dirigiu a palavra para mim.
-Preste atenção no que vai acontecer agora.
Reparei que a nave parecia ter se tornando translúcida. Onde era vidro, parecia não ter mais nada. Já no restante da nave, tudo parecia ter ficado como uma vibração de ar quente, semelhante ao que vemos, à distância, no reflexo do asfalto quente. Dessa mesma forma estávamos nós.
Levei a mão até o vidro. Quando o toquei, Bartolomeu explicou a situação.
-A nave assumiu uma condição de termoeletricidade que nos conduziu para outra dimensão do espaço-tempo, numa condição material mais sutil. Para a população da cidade Nosso Lar, ficamos invisíveis; ou desaparecemos. Somente os irmãos mais evoluídos, com a vidência desenvolvida, podem nos ver. A situação é semelhante à mediunidade dos videntes encarnados. Agora repare o nosso novo destino. Irmão Anastácio, pode subir.
Observei a cidade Nosso Lar ficar cada vez mais longe, lá em baixo. De repente, também abaixo, mas a distâncias diferentes, vi ao longe, diversas outras formações de cidades semelhantes ao Nosso Lar. Elas estavam em todas as direções. Não consegui contar, mas eram mais de vinte, com certeza.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Comunidade no Umbral – Entrando na Comunidade – Parte II

Enquanto descíamos uma ladeira, reparei que o chão rapidamente ficou molhado, coberto por uma fina película de barro viscoso, que parecia grudar nos calçados. Percebi também o cheiro terrível do ambiente, uma mistura de carniça e fumaça. Logo vi um enorme portão de ferro que recortava a muralha. Seu aspecto se assemelha ao dos presídios. Tinha ferrugem e estava com muitos desgastes, riscos e alguns amaçados como se alguém houvesse batido.
Chegando à frente do portão, Rita bateu numa pequena janelinha de ferro. Um homem, ao abrir a janelinha, reconheceu a irmã Rita e abriu o portão para entrarmos. Reparei que o homem que cuida do portão vestia um colete branco, semelhante aos coletes balísticos usados pelas polícias, o que para mim causou estranheza.
-Interessante. Como pode uma entidade desencarnada utilizar colete a prova de bala no plano espiritual?
Bartolomeu explicou que essa é uma situação simbólica para aquelas entidades que moram na comunidade.
-Charles, para esses irmãos sofredores, imantados ainda aos pensamentos de ataques e vinganças, o fato de ter alguém com colete na entrada da comunidade simboliza a força policial ou a garantia de segurança. Para se diferenciar dos demais vigias escolhidos entre os da própria comunidade, esse que fica no portão, por ser mais esclarecido, exercer uma atividade orientada pelos irmãos de luz, por isso seu colete é branco. Esse irmão, devido as condições desse ambiente, passa por rotinas de atividade, igual às escalas de turnos, sendo substituído periodicamente para restabelecer seu estado psicológico. De outra parte, por estarmos no Umbral, muitas legiões se formam la fora, nas regiões mais abaixo, e formam turbas ensandecidas com o propósito de invadirem e fustigarem os irmãos aqui dentro. Não raro, essas legiões se dão ao trabalho de bater e gritar no muro e no portão, forçando entrar na comunidade. Em algumas situações é necessária a manifestação de entidades superioras para afastar essas legiões, visto que o dano psicológico e emocional que elas causam para os internos é muito grande. Quando há essa necessidade dos irmãos superiores intercederem, quem os chama é o vigia do portão através de um aparelho de comunicação.
A luminosidade do ambiente era como se uma fraca lâmpada rompesse a escuridão. Do portão de acesso até o início das casas a descida naquele terreno desértico e enlameado era mais íngreme. No ponto mais baixo dessa decida tinha um pequeno córrego de uma lama com viscosidade marrom escuro e roxa que ficava empoçada antes de continuar escorrendo. Ao longo da extensão desse valo era possível ver que o mesmo desembocava a uns duzentos metros num grande açude que represava essa lama viscosa. O cheiro de carniça e fumo, misturado a um aroma de conhaque, era mais acentuado junto ao valo.
Bartolomeu percebeu minha estranheza com relação aquele líquido viscoso.
-Charles, isso no valo corresponde aos fluidos animais dos sangues das pobres criaturas, vítimas dos rituais de sacrifício, magnetizados e canalizados para cá pelos Exús. Esse fluido vem impregnado da fumaça deletéria das velas, pólvoras, fumos e das bebidas alcoólicas consumidas nas atividades dos centros de terreiros. Esse fluido é usado pelos irmãos daqui como alimento para aplacar a ilusória situação de fome que sentem como se ainda estivessem no corpo físico. Junto desse fluido, em sua maioria de origem dos animais utilizados em rituais de sacrifício, também há o fluido de organismos humanos, provenientes das vítimas suas, assassinadas de forma cooperativa com os encarnados. Quanto maior a quantidade desse fluido canalizado para cá, maior será o status do líder diante da sua comunidade. Se algum deles conseguir aprisionar uma vítima de assassinato, maior respeito terá entre os seus. Já o infeliz que se tornar vítima de assassinato desses irmãozinhos, não raro está tão imantado as vibrações do Umbral, passando à condição de vampirizado pelo grupo ao ponto de ter os sentidos e a razão adormecidas.
Passando essa parte empoçada do valo, por sobre algumas pedras que facilitavam o caminho, iniciava a elevação do terreno de forma até bem acentuada. Nessa elevação iniciavam as casas como uma favela. Todas elas eram inacabadas e estavam aglutinadas. Elas estavam construídas cravadas nesse morro. Tinham estreitas escadas entre elas que conduziam para chapas superiores. Não havia janela e nem porta, apenas as aberturas.
Acima das lages, em alguns casebres mais elevados, existiam muretas que imitavam guaritas. Ali havia homens vestidos de preto, segurando algo semelhante a um fuzil. Percebi que esses eram os vigilantes escolhidos pela própria comunidade, conforme a explicação de Bartolomeu.
Quando passamos pelo valo, diversos adolescentes correram em nossa direção. Descalços e maltrapilhos, alguns só de bermuda, e completamente imundos, vieram demonstrando imensa alegria pela chegada da irmã Rita, exclamando: “Profe. Rita!”. Cercaram-na, segurando em seus braços e roupas ou apenas tocando em seu ombro. A irmã Rita sorria com grande entusiasmo, enquanto cumprimentava cada um deles. E caminhando aglutinada com essas crianças, Rita subiu por uma viela até chegar numa escada que dava acesso a parte superior de um casebre.
Toda essa movimentação foi acompanhada pelo olhar atento de um vigilante posicionado numa lage localizada entre os primeiros casebres na base do morro e o casebre para onde Rita se dirigiu com as crianças. A fisionomia do vigilante era sisuda e ameaçadora. Bartolomeu solicitou que eu não fixasse o olhar nele.
Acompanhando Rita, subi também com ela e aquelas crianças para a parte superior de um casebre. A lage era composta de três paredes apenas. A parte onde se chegava pela escada era como que inacabada, sem nenhum parapeito ou corrimão. Dali se tinha uma visão panorâmica dos casebres mais abaixo, da valeta com aquele líquido viscoso, do muro e do portão. Percebi que o valo nada mais era que a base de um desfiladeiro. Vi que aquela valeta descia do meio da escuridão, de uma área localizada ao alto a minha esquerda, quase junto ao muro, construído na parte mais alta do desfiladeiro e acompanhando a geografia íngreme do terreno até a área mais plana, onde estava o portão de acesso à comunidade.
Do lado de cá do desfiladeiro, onde estavam construídos os casebres, era possível ver que sua geografia, além de estar mergulhada naquela escuridão, era pouco menos vertical. Essa verticalização da geografia do terreno diminuía na media que se aproximava da área onde os casebres eram construídos.
Na minha frente, da lage onde estava, observei aquele valo que tinha seu líquido empoçado na viela que serve de caminho do portão aos casebres. Escorrendo ao longo de uma geografia que se planificava à minha direita, o valo serpenteava uma estreita área onde parecia ter uma espécie de vegetação semelhante a um capim alto todo ressecado, parecendo serem compridos espinhos. Logo após essa vegetação tinham algumas estacas de madeira apodrecida, estabelecendo uma cerca com o que parecia ser apenas um fio de arame farpado que não estava esticado, todo sujo com algo que parecia musgo seco. Essa cerca divisava com o açude, onde estava represada aquela pasta viscosa que tinha sua nascente lá no outro estremo, na escuridão.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Comunidade no Umbral – Explicações – Parte I

Numa certa noite, em desdobramento consciente, o mentor Bartolomeu levou-me até uma rua de Porto Alegre. Essa rua era em decida. Não existia calçamento algum e nem vegetação em toda a sua extensão. A impressão que tive era a de estarmos descendo uma avenida em declive, abaixo da superfície, pois como numa miragem, imagens sobrepostas se destacavam nesse momento. Acima, uma determinada avenida de Porto Alegre mantinha sua forma plana, com a iluminação dos postes da via pública e o pavimento asfáltico. Abaixo dessa, a entrada se destacava como se fosse o túnel da Conceição – apenas como exemplo –, devido sua altura e largura, mas sem a iluminação adequada, apenas uma diminuta luminosidade, como que perdida ao longe, facilitava a visualização desse caminho de chão batido.
Logo na entrada, em penumbra a penumbra, iniciava também um muro de uns cinto metros de altura que se estendia por toda a extensão do caminho a abaixo, à nossa direita. Esse muro, que parecia coberto de barro, tinha sua estrutura inicial também confundida com as da avenida de Porto Alegre.
Bartolomeu explicou a situação:
-Charles, hoje você irá conhecer uma comunidade de irmãos ainda imantados à matéria, que está numa das fases do Umbral. Preste atenção. Essas entidades coabitam um espaço como se estivessem em uma cidade e formam algo semelhante aos condomínios fechados. Na verdade, elas já possuem um senso de orientação que lhes estimula, mesmo nessas regiões trevosas, à convivência coletiva. Apesar de acreditarem em Deus e nos espíritos superiores, elas ainda estão em estágio evolutivo diferenciado pelo fato de venerarem alguns de seus líderes, que se destacam pela arraigada vaidade presa a ilusão de sacrifício pessoal ou de animais, e de oferecerem oferendas ou receberem “agrados”, como eles preferem classificar. Observe que um fato os distingue dos demais irmãos e irmãs que vagam pelo Umbral. Nessa comunidade que tu vais visitar, os irmãos têm um apurado senso de autoproteção do grupo e de defesa da área como se defendessem uma propriedade pessoal. Entre eles e para com os seus interlocutores encarnados, existem pactos de lealdade e auxílio mutuo. Para conseguirem o que consideram necessários, são solidários entre si, inclusive na pratica de ações que propiciem mal-estar ou mesmo o desencarne daqueles que forem por eles considerados prejudiciais aos seus intentos na superfície. Os líderes, mais comumente conhecidos como Exús ou Magos Negros, conforme a posição que ocupam numa determinada hierarquia dessa organização, são extremamente inteligentes e formam suas próprias comunidades no Umbral, estruturadas em redes de comando e atividades. Entre eles são formados conselhos que se reúnem para deliberar sobre as situações que lhes afetam ou afetam seus porta-vozes encarnados ou mesmo aos encarnados que a eles se socorrem oferecendo agrados, no desejo de afastar de seus caminhos os seus desafetos ou no desejo de conquistar vitórias políticas, dinheiro ou supostos amores.
Diante das colocações, não pude deixar de expor minha preocupação.
-Mas não será perigoso nós entrarmos nessa comunidade? Esses líderes permitiriam a minha entrada, vendo minha condição de encarnado? Eu não serei como um intruso?
-Charles, a situação sua tem algumas peculiaridades que se assemelham a muitos casos de irmãos encarnados que visitam essas comunidades. Não são poucos os irmãos que em estado de sono, são levados ou mesmo atraídos para essas regiões. O fato de ser praticamente um lugar comum, onde muitos encarnados visitam quase que rotineiramente quando em estado de sono, devido suas condições de pensamentos que os imantam a desejos menos elevados, propicia uma normalidade para eles. Mas no seu caso, nós temos hoje uma irmã conhecida que trabalha nessa comunidade e lhe conduzirá como sendo um aluno dela. Essa irmã não tem relação vibracional com o Umbral e nem com a comunidade. Ela desempenha uma atividade de elevado significado. Por estar na condição de encarnada, ela consegue desempenhar melhor a atividade de professora orientadora para diversos irmãos necessitados. Esse trabalho de orientação é melhor executado durante a noite, pois nesse período os líderes e seus seguidores mais próximos se deslocam para a superfície onde se encontram com seus servidores encarnados para praticarem diversos rituais de sacrifício e outra atividades maléficas. Sempre ao entardecer, irmãos mais esclarecidos com relação aos moradores dessas comunidades, que trabalham para espíritos de luz e controlam essas regiões, fazem soar um sinal indicando que essas entidades podem ir desempenhar seus trabalhos. Nesse momento o portão dessas comunidades é aberto por outro irmão também mais esclarecido, permitindo a passagem dessas entidades, que sobem em diversos grupos para a superfície. Dessa forma, ficam nas comunidades irmãos mais receptivos para os ensinamentos evolutivos. Já quando está amanhecendo, o mesmo sinal é tocado e essas entidades sabem que devem retornar, sob pena de perderem suas regalias e liderança. Como são extremamente vaidosas, elas retornam para exibirem os ganhos que obtiveram ao perpetrarem o mal contra irmãos que perturbavam seus afins e mostrar os agrados que seus seguidores e auxiliares mais próximos obtiveram com os sacrifícios em rituais de sangue. Muitos chegam como embriagados, com suas vestes ensopada pelo álcool, fumo e fluido animal.
Nesse momento vi uma pessoa subindo. Era a irmã Rita, uma antiga conhecida. Trazia alguns livros nos braços. Ela se aproximou, como sempre, com o sorriso aberto.
-Olá irmãos! Estava aguardando vocês lá na entrada. Diante da demora, resolvi subir para ver se estavam chegando.
Bartolomeu cumprimentou a irmã Rita e explicou que a demora decorreu do ensinamento que estava me oportunizando sobre o local.
Eu não pude ficar mais surpreso com a situação.
-Olá Rita! Não sabia que você dava aula nesse local. Sempre pensei que era em lugares mais iluminados.
-Charles, que Deus nos acompanhe hoje. O trabalho que desempenho na área do ensino é desenvolvido também em locais diferentes e superiores ao Umbral. Mas aqui existem crianças que necessitam de tanto ou mais afeto que nos planos superiores. Essa atividade respeita um revezamento entre diversas outras irmãs encarnadas, que descem aqui para instruir e orientar espíritos que desencarnaram em condições trágicas quando estavam encarnadas no estágio de crianças ou adolescentes. São entidades que trazem muito ódio e desejo de vingança, afeitas a ilusão de ações heroicas. Além dos irmãos do Brasil, não raro, vem crianças e adolescentes da África, Oriente Médio e Ásia, que foram instruídas como soldados nas guerras locais, e que ao desencarnarem em conflitos de sangue com pouca idade, como nove, doze e até dezessete anos, receberam a dádiva de reencarnarem no Brasil em lares abertos pela orientação cristã. Mas vamos andando, assim ganhamos tempo.
Bartolomeu agradeceu as explicações da irmã Rita e considerou sobre a atenção que o Alto dá para essas regiões.
-Apesar de não parecer, o Alto exerce muito trabalho de resgate no Umbral. Nenhum irmão está desassistido ou desamparado. Existe uma atividade intensa e invisível em busca permanente do resgate e da evolução desses irmãos. Mas por hora, quero que você Charles fique tranquilo, pois como vamos penetrar em região mais densa, eu me tornarei invisível aos olhos de vocês. Porém, você poderá me ouvir.
Dito isso, notei que o Bartolomeu de fato ficou invisível.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Referência na Terra para a Cidade Espiritual “Nosso Lar” – O Caminho de Luz – Parte II

Estacionados ainda diante daquela grande montanha, Bartolomeu solicitou ao nosso piloto, Anastácio, que se aproximasse um pouco mais da praia, para observarmos o local de cerimônia religiosa dos pajés Tamoios.
Ficamos estacionados no ar, a aproximadamente vinte metros da pequena praia. Reparei de perto as características que se desenhavam na montanha. Pude ver com maior riqueza de detalhes, ainda em meio a escuridão da noite, que bem ao centro dela, havia uma trilha em meio a vegetação, desenhando uma estrada para o céu. Nesse instante, Bartolomeu solicitou ao nosso piloto que emitisse o raio de localização.
De baixo da nave, então, saiu um raio de luz como o farol de um carro, com a luz em tom de azul bem claro. Essa luz foi direcionada desde a água do mar até a pequena praia, desfazendo a escuridão. Quando foi iluminada determinada localização da praia, pude ver focos de luz igual a material fosforescente. Ali na areia, diversos focos dessa luz eram destacados pelo facho de luz da nave, como se a refletissem.
Bartolomeu explicou aquela fosforescência como resultante do magnetismo da fé dos Tamoios.
-Veja como a fé dos Tamoios deixou seu registro. Ali estão diversos despojos dos nativos, magnetizados em longas cerimônias religiosas. Nós vamos seguir a trilha desse magnetismo com o auxílio de nosso localizador. Você verá, dessa forma, todo o caminho que os pajés construíram até a região onde foi erguida a cidade Nosso Lar. Na tradição religiosa desses irmãos, quando desencarnava um Tamoio, a tribo presenteava o falecido com armas e objetos úteis para auxiliá-lo no caminho até o mundo espiritual, numa terra sem mal e onde estavam seus ancestrais. Essa seria uma jornada de perigo, de acordo com eles. Por isso, cabia ao desencarnado ter confiança em si próprio e coragem para enfrentar a jornada. Os pajés orientavam incansavelmente sobre a ligação mental que o desencarnado deveria fazer com os ancestrais, para auxiliar na jornada. Dessa forma, ao Tamoio, quando do desencarne, seu espírito não poderia ficar parado na sepultura, deveria mentalizar seus ancestrais e entrar na mata com a certeza de buscar o caminho para o Guajupiá, onde encontraria a aldeia espiritual na qual estavam vivendo seus ancestrais. O magnetismo dos ancestrais desencarnados, que oravam do plano espiritual pelo irmão que desencarnara, somado ao magnetismo da cerimônia de dança e canto, executado pela tribo e pelos pajés encarnados, ladrilhou uma trilha, da mata ao céu, que indicava ao espírito o caminho para a aldeia localizada na espiritualidade. Nós vamos seguir, agora, essa trilha magnetizada pelos Tamoios.
Nesse instante, a luz da nave passou a focar um rastro de amarelo fosforescente, de aproximadamente um metro de largura, muito semelhante a um corredor de cacos de vidro jogados ao chão. Na medida em que o foco ia acompanhando aquela trilha no meio da mata, subindo a montanha, a nave também começou a subir. A trilha tinha sua continuidade além do topo da montanha. Ela continuava numa montanha no plano espiritual. É como se aquela montanha da Terra se estendesse muito além do seu tamanho material.
Aquele magnetismo, destacado pelo facho de luz da nave, serpenteava toda a subida daquela montanha do mundo espiritual. Ao longo dela, pude notar que existiam diversas outras que a cruzavam. Porém, só o começo dessas outras trilhas era fosforescente, sua continuidade logo se perdia na escuridão.
Subimos muito. A praia se perdeu de vista. E entre a visão de uma montanha espiritual, também se via agora, lá embaixo, o continente e o mar. Logo percebi aquela fosforescência assumindo forma mais estendida no terreno, de forma que a trilha ia ganhando maior largura, já destacando que estávamos nos aproximando do topo da montanha espiritual.
Num determinado ponto, a montanha passou a diminuir sua verticalidade. Nisso a nave passou a andar para frente, como se estivéssemos subindo um morro de pequena elevação. A trilha não estava mais à nossa frente. Agora ela estava abaixo da nave. Andamos pouca distância nesse sentido e a nave reduziu sua velocidade. Foi quando vi a uns trezentos metros à frente, uma enorme muralha. Nesse ponto a nave parou. E dali, o facho de luz da nave percorria todo o terreno. Era possível ver por toda parte o brilho fosforescente. Também ali em cima a noite era mais iluminada. As estrelas tinham um brilho mais intenso e dava a impressão de estar olhando para um campo em noite de lua cheia.
Bartolomeu explicou, então, onde estávamos.
-O que você vê à frente, é a Cidade Nosso Lar. Seu muro parece hermeticamente fechado, sem porta de acesso. Mas ela está localizada naquele arco central que se destaca no muro. Como estamos na nave, nossa entrada será sem problemas, por sobre o muro. Paramos aqui para que o Anastácio estabeleça a conexão de frequência para ingressarmos na cidade.
Depois de um ou dois segundos, Anastácio disse ter recebido o itinerário aéreo a ser percorrido. Bartolomeu agradeceu a Deus e ao Anastácio pela oportunidade de me conduzir numa cidade que vibra amor.
-Obrigado nosso Pai amado pela oportunidade concedida. Obrigado a você Anastácio, por nos conduzir nesse plano de vibrações amorosas. Pai querido, encha de luz e amor o nosso irmão Anastácio.
É incrível o que uma oração, parecendo tão simples, pode fazer. No momento que Bartolomeu pediu luz e amor, pelo vidro da nave parecia entrar um vapor de luminosidade azul celeste com diversos fiapos dourados, como se fossem fios de mercúrio escorrendo pelo ar. Suavemente essas linhas douradas iam se desfazendo ao tocar em nós, como se estivesse sendo absorvida.
Anastácio agradeceu o carinho. Disse que era apenas um humilde e dedicado trabalhador, um pequenino servo de Deus.
Tive uma sensação de grande leveza. Meu pensamento ficou calmo com relação a toda curiosidade e ansiedade em conhecer a cidade Nosso Lar.